Mudanças de um modo geral nunca são fáceis. As mudanças por melhores que sejam, requerem um tempo de adaptação, de aceitação para que ocorra a transição. Essas transições na maioria das vezes nos dão um certo trabalho, nos desgastam e sempre geram um stress.
Quando me refiro à dificuldade que temos quando nos deparamos com mudanças, me refiro a qualquer tipo de mudança. Desde uma mudança alimentar, mudança de namorada, mudança de emprego, até a mudança de um número de celular. Pensem comigo… Todas elas, quase em sua totalidade nos tiram da rotina e da nossa zona de conforto. Talvez porque o ser humano de um modo geral vive na busca de certa estabilidade interior na tentativa de chegar o mais próximo possível de um equilíbrio. Mas imaginem um exemplo simples como a alteração do seu número de celular. Para quantas pessoas você terá que avisar que mudou de número? Quantos emails, quantas mensagens de texto você terá que enviar? Isso sem contar as atualizações cadastrais em bancos, lojas, cartões de visita, Orkut, Twitter, Facebook, ou seja, uma mera alteração de um número de celular pode fazer com que você perca algumas horas dos seus dias por algumas semanas para deixar atualizadas aquelas pessoas mais próximas, os amigos, parentes, clientes e etc.
Pois é. Mas agora vamos mais longe. Vou contar para vocês um pouco da minha mudança de São Paulo para Rio Branco. Então, a filial da NK7 já estava há tempos funcionando na cidade e eu ainda não tinha um lugar para morar. Foram meses procurando uma casa, um apartamento, ou qualquer tipo de habitação que se encaixasse nos pré-requisitos mínimos de que necessitava aliado a um preço razoável. Enfim, após quase seis meses à caça de um local para fixar minha residência, no momento certo e na hora certa a casa exatamente como estava buscando surgiu. Não pensei meio segundo, já combinei com a proprietária valor do aluguel, o dia que pegaria as chaves e entraria no imóvel, o que ficaria na casa e o que sairia, assinei o contrato e voltei para São Paulo para organizar então minha vinda definitiva para Rio Branco.
Em um primeiro momento estava muito empolgado com a casa que havia conseguido alugar, exatamente do jeito que sonhava e no local que procurava. No entanto, me iludi achando que a mudança seria simples, afinal, não desativaria meu apartamento em São Paulo e teoricamente não teria que trazer nada para o Acre além de meus pertences pessoais. Portanto, não tinha que me preocupar em contratar transportadora, levar geladeira, fogão, cama, armário, sofá, televisão, nada. Era basicamente fazer o que fazia todos os meses da minha vida, ou seja, fazer minha mala, pegar meu notebook a passagem aérea e ir para meu novo lar em Rio Branco.
Os dias foram se passando, a tensão e a preocupação crescendo igualitariamente. A cada minuto que pensava na mudança, lembrava de alguma coisa que teria que levar. Aquela 1 mala que tinha planejado, já tinha se transformado em duas, passada mais uma semana, já tinha duas malas e duas caixas cheias de coisas, na véspera da viagem eu já estava com 5 malas mais umas 5 caixas, duas mochilas uma bolsa de mão e ainda continuava lembrando de coisas para levar.
Se isso não bastasse, ainda tive que pesquisar com a companhia aérea como faria para embarcar minhas duas cachorras Lucky e Jade. Fui informado das taxas de transporte, que existe um peso e um tamanho máximo de kennel (aquela gaiolinha para transportar animais), que eu teria que providenciar um kennel para transportá-las, que teria que respeitar um tamanho mínimo para que elas pudessem dar uma volta completa dentro da casinha e depois de resolvida essa parte, fui informado de que a Lucky minha West Terrier que tem 2 anos não poderia ir a bordo comigo pelo tamanho do kennel, a Lucky teria que ir no porão da aeronave, sozinha. Quando recebi essa notícia minha pressão até subiu. Fiquei pensando na Lucky sozinha lá no porão da aeronave como carga por mais de 6 horas. Logo em seguida, recebi a ligação da companhia aérea confirmando o embarque da Jade que é a minha outra West Terrier que tem apenas 3 meses e pelo fato de ser pequena poderia ir comigo à bordo. Depois de todo esse stress ainda tinha que levá-las na minha queridíssima veterinária Dra. Karina Zanin para que me desse o atestado de saúde e vacinação da Lucky e da Jade.
Bom, passada essa etapa de como embarcar minhas cachorras, continuei averiguando o que precisaria levar ao menos para sobreviver nas primeiras semanas até que chegassem os eletrodomésticos, camas e etc. Foi aí que as coisas começaram a piorar. Lembrei que teria que levar desde toalha, lençol, travesseiro a edredom. A pressão e o desespero de arrumar todas as coisas até o dia da viagem aumentava. Olhei para as revistas que estavam jogadas por baixo da porta do meu apartamento em São Paulo e pensei: Puxa, vou ter que transferir as assinaturas das revistas para Rio Branco, rapidamente peguei o telefone antes que esquecesse e após quase 1 hora consegui resolver. Enfim, a minha mudança que inicialmente consistia em 1 mala e um notebook se transformara velozmente em algo gigante fora de proporção.
Bom, esses foram apenas pouquíssimos exemplos de coisas que tive que organizar para me mudar para Rio Branco. Não me prolongo e não conto mais para vocês aqui porque senão faltará jornal para relatar toda a correria que antecedeu minha vinda para o Acre.
Quero contar um pouco da minha outra grande ilusão. Pois bem. Após aproximadamente 200 kg de bagagem, e das minhas duas cachorras embarcadas, eu já estava acomodado em minha poltrona no avião e pensei: Se faltou alguma coisa, da próxima vez que eu voltar para São Paulo eu levo. Os itens essenciais para sobreviver as primeiras semanas estão indo comigo.
Ingenuidade a minha. Depois de desembarcar e ter que pegar dois taxis para transportar minhas malas, caixas e demais coisas para minha nova casa, resolvi fazer algo básico, normal e fisiológico de todo ser humano, ou seja, ir ao banheiro. Quando cheguei lá a primeira coisa que reparei é que não tinha papel higiênico, lixeira e nem sabonete para lavar as mãos. Que maravilha!!! Eu que tinha certeza que não havia esquecido nada me iludi achando que era só chegar na casa e me instalar. Notei que não tinha uma água, um copo, um talher, um prato ou mesmo um guardanapo em minha nova casa. Saí imediatamente para o supermercado para comprar um kit básico e me dirigi imediatamente para a loja de colchões na Av. Getúlio Vargas. Fui muito bem atendido pela vendedora que para minha sorte me entregou os colchões 2 horas depois. Ao menos não teria que dormir no chão.
Enfim, novamente para não continuar me prolongando muito, já faz 2 semanas que estou morando em Rio Branco e ainda não consegui uma Secretária do Lar para me ajudar. Devido ao excesso de trabalho as caixas da minha mudança ainda continuam espalhadas pela sala, minhas malas abertas e um pouco de tudo pelos cantos da casa, meus eletrodomésticos ainda não chegaram, e, sendo assim, estou sem uma água gelada para beber, com um monte de roupas sujas amontoadas e todo dia descubro que está faltando alguma coisa em casa.
Se alterar um número de celular já é um transtorno, pensem em mudar de casa, cidade, estado e ainda ter que montar uma segunda casa, da panela ao cabide. Mudanças são boas, são ótimas, são vitais, são naturais e são essenciais para a vida. Mas realizar uma mudança realmente substancial, caro leitor, dá um baita trabalho.
Um ótimo domingo e um excelente início de semana a todos vocês!!!
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