Numa madrugada dessas estava papeando com amigos pelo celular para traçarmos novos projetos de trabalho e coincidentemente ao falar com o Edu e com o Leo percebi que os dois estavam irritados por problemas semelhantes com o mesmo utensílio doméstico, ou seja, o tal do aquecedor a gás para chuveiro.
O Edu xingava o aquecedor a gás do chuveiro de seu flat porque simplesmente no meio do banho algum dispositivo de segurança do aparelho era acionado, desligava o aquecimento e a água do banho congelava. Ele me dizia que estava arrependido de ter trocado o aquecedor antigo que funcionava perfeitamente bem quando reformou seu flat por um outro teoricamente mais moderno e novo.
Agora, o Leo, estava com voz de deprimido ao telefone, perguntei a ele: – Leo, você está bem? Que voz de desânimo… Foi aí que ele começou a me narrar a guerra que ele tinha travado por causa da instalação de um aquecedor de chuveiro. E, a partir dessa conversa, achei que valeria a pena contar-lhes um pouco dessa batalha que tirou o ânimo do meu amigo.
Tentarei reproduzir abaixo mais ou menos como o Leo me contou a rotina que estava vivendo nos últimos dias.
Leo se lamentando e narrando para mim sua história com o aquecedor a gás do chuveiro de seu apartamento: (Deixei em 1º pessoa mesmo para ser o mais fiel possível ao relato)
Já ouviram aquela frase que diz “em time que está ganhando, não se mexe”? E a outra: “Se está funcionando, deixe assim!”
Pois é. Reformar imóvel quase sempre é uma grande dor de cabeça. Mesmo em um apartamento novo ou semi novo, você nunca sabe o que vai encontrar por baixo daquelas paredes lindas e pintadas. Daquele azulejo impecável… O apartamento estava tão inteiro… perfeito… bonito… limpo… Maldita hora em que fui ouvir a minha esposa…Chuveiro a gás é melhor… O banho é mais quente… É mais gostoso… Na casa da minha mãe tem… Pronto… o argumento sentimental. Me senti culpado, por tê-la tirado do conforto do lar dos pais, para morar em um apartamento menor e sem chuveiro a gás!! Que absurdo… Como poderia eu, Leonardo Teixeira, sujeitar minha esposa, recém casada, a tamanho sofrimento? O que custa fazer a vontade dela? Deixá-la feliz? Como se em um box de 1 metro quadrado fizesse muita diferença um banho quente ou escaldante! Mas vamos lá. Concordei. Afinal, não parecia ser uma coisa muito complexa… O que poderia dar errado?
Depois que aceitei, veio a parte da contratação. Quando é pra ganhar o cliente, eles falam qualquer coisa: O cara da empresa instaladora disse: O Sr. vai pagar só o aquecedor. A instalação e o material são por nossa conta… No entanto, uma vez contratado o serviço, o pesadelo começa: Antes da instalação, o mesmo funcionário avisou: “se o Sr. quiser a instalação embutida, tem que chamar um pedreiro antes. Ele quebra a parede, retira o gesso e nós instalamos a tubulação. Depois ele volta e repõe tudo”. Fácil, não?? Nem um pouco. É claro que optei pela tubulação embutida, afinal quem quer um monte de canos passando no meio da sala?? Tudo bem. Veio o pedreiro, olhou e disse: Dá pra tirar os azulejos inteirinhos… O Sr. só vai ter que repor uma ou duas peças…O gesso do teto também, é só tirar pra passar o cano do gás e depois colocar de novo…É tudo uma maravilha, fácil, limpo, rápido e barato.
Então combinei o serviço para dali há alguns dias.
Na data acertada, o pedreiro chega e começa a quebrar a parede. Pergunto: Devo avisar o zelador? E ele: “Não precisa, não vamos mexer com água hoje. Só no dia em que formos fechar a parede”. Ele começa a quebrar o banheiro e o ajudante, a área de serviço. Ótimo. Peguei o Laptop e comecei a trabalhar na sala, ouvindo a sinfonia de batidas que vinha dos dois cômodos. Daqui há pouco chega o ajudante: “o Sr. tem pano aí?” Pronto. Pra que o cara quer a porr… do pano??? Pensei. A tubulação de água fazia uma curva e o infeliz não sabia… Meteu a marreta no PVC que jorrava água e inundava toda área de serviço. Toca ligar pra portaria, avisar o zelador pra desligar a água daquele lado do prédio, às 11 horas da manhã, em pleno horário de almoço! E ainda levar uma chamada do porteiro: “Sr. Leonardo, quando for mexer com cano, tem que avisar antes pro zelador desligar a água” Adianta dizer pra ele que a idéia era não molhar nada naquele dia?? Adianta matar o ajudante, que está lá, tentando segurar com uma flanelinha a água que jorra da parede, cai no tanque e transborda pro chão?? Ou o pedreiro?? O cara que esquentou o cano pra ele fazer uma curva, 10 anos atrás, quando construiu o prédio?? Não né… Bora sair, comprar os canos para o cara repor e refazer a tubulação, sem curva agora! Passado o susto da água, vem o pó. Aquele pó fino, mesmo com as portas fechadas, toma conta do apartamento, deixa tudo da mesma cor: cinza.
Azulejos quebrados chega a hora de tirar o gesso. Quem disse que aquela merd…. sai inteira? O tal do gesso mais parece um papel, de tão fino. É só encostar nele que se esfarela.
Quebradeira feita, no dia seguinte chegam os funcionários da empresa que instala o aquecedor.
Quando contratei o serviço, o funcionário da concessionária do gás esqueceu de dizer que, para instalar o aquecedor, precisa passar uma chaminé pra fora da janela e que ela não pode ser passada por um buraco na parede, nem pelo canto da janela. Eles cortam um furo no vidro e passam aquela chaminé horrível, que parece a de uma locomotiva a vapor, no meio dele! Resultado: A janela corrediça, que já abria pouco, agora só abre até a metade porque algum engenheiro inventou uma norma de que a maldita chaminé precisa estar no mínimo a 40 cm da parede, ou seja, no meio da janela no meu caso!! A outra opção seria instalar o aquecedor na parede oposta. A maria fumaça sairia pelo lado móvel da janela da área de serviço e ela não abriria mais. Não teria problema se o varal não estivesse exatamente onde eles propunham a instalação. Solução deles: Mudar o varal de lugar. Claro! Muito simples! Depois, quem iria usar as camisas cheirando a fritura e óleo de cozinha não seriam eles mesmo, certo?
Feita a instalação, hora de passar a tubulação. O técnico vem com uma broca de 1 metro e meio de comprimento e começa a furar a parede entre o banheiro e a sala, pra passar o tubo que levaria água quente até a ducha. Mas aquele não era um dia de sorte. Quem falou que a broca passava para o outro lado?? De jeito nenhum! Passados 40 minutos, o cara me dá duas opções: Ou ele faz um furo no meio da parede pra passar o tubo ou abre o gesso do teto do banheiro, para ver o que está impedindo a broca de passar. Como já disse anteriormente, não queria nem lembrar que havia uma tubulação passando pela minha sala, quanto mais ter que ficar olhando pra ela! Mandei cortar o forro do banheiro, no qual imaginei não precisar tocar… Depois de abrir, ele notou que a broca estava tocando o piso do apartamento de cima. Não ia furar nunca… Começou então a fazer o furo mais para baixo, e a broca passou numa boa. Depois de toda a confusão, finalmente ontem foi finalizada a parte da tubulação, o apartamento está todo quebrado, o banheiro intransitável e os móveis todos empoeirados. Amanhã o pedreiro volta para, se não tiver nenhum outro empecilho, terminar a instalação e fechar as paredes… Aí vem a recolocação do gesso e o acabamento. E adivinhem onde tive e terei que tomar banho nesses dias? No apartamento da minha sogra, com chuveiro a gás!!
Um ótimo domingo e um excelente início de semana a todos vocês!!!
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