A cada dia que passa me torno mais a favor das leis que restringem os locais onde aqueles seres inconvenientes ficam soltando as fumaças de seus cigarros, charutos, cigarrilhas e cachimbos por aí como se todos fossem obrigados a serem fumantes passivos e saírem com suas roupas, cabelos e etc. cheirando a nicotina. Sinto-me no direito de criticar os fumantes porque eu mesmo sou um fumante contumaz. Tenho prazer em fumar cigarro, fumo muito e me desespero quando tenho que passar mais de 2 horas sem fumar. Relato isso a vocês não com orgulho, mas como forma de auto-flagelo. Além dos males que todos nós estamos cansados de saber que são acarretados pelo consumo do cigarro, ele acima de tudo é algo extremamente inconveniente tanto para quem fuma como para quem precisa suportar o convívio ao lado de um fumante.
Que o cigarro faz mal à saúde acredito que esse é o menor dos problemas, afinal de contas, se um cidadão como eu não tem amor próprio e prefere continuar a vida sentado em sua própria ignorância, o que se pode fazer? Contudo, não estou aqui essa semana para falar dos males que o cigarro faz a saúde, mas, para dizer o quanto ele atrapalha a rotina e vida de todos, inclusive a do próprio fumante.
Para os que são fumantes como eu, analisem junto comigo alguns poucos exemplos de como o maldito cigarro interfere diretamente em sua rotina. Primeiro, fumante que é fumante precisa ter um maço de cigarro de reserva guardado em algum lugar para não bater aquele desespero de ficar sem na hora da vontade, ou seja, inconscientemente estamos toda hora pensando se ainda temos um estoque de cigarro ou se já está na hora de sair para comprar mais. Gastamos, portanto, tempo e dinheiro correndo atrás de comprar cigarro. Tudo bem, supondo que já temos o cigarro, no entanto, é necessário fogo para acendê-lo, isto é, precisamos sempre ter um isqueiro por perto. Se isso ainda não bastasse, os fumantes costumam ter um maço de cigarro espalhado em todos os lugares, no carro, no escritório, em casa, no banheiro, na mala de viagem e etc. E para acompanhar esse vício terrível, além do cigarro e fogo, é no mínimo de boa educação ter um cinzeiro em cada um desses lugares. Bom. Isso quer dizer que para ser um fumante você precisa ter no mínimo três itens: o cigarro propriamente dito, o isqueiro e o cinzeiro. Reparem que mal comecei a falar do quanto o cigarro é inconveniente e já chegamos a três itens indispensáveis.
Se isso não bastasse, além do cheiro da fumaça do cigarro e do cinzeiro com as bitucas que empesteiam e contaminam qualquer ambiente, ainda por cima, nos sujeitamos a pagar para nos matarmos em doses homeopáticas. Isso é no mínimo muita burrice, não é mesmo? Agora, imaginem o bolso da minha calça jeans quando vou sair para balada: no bolso esquerdo dois celulares, no bolso direito maço de cigarro, isqueiro e chave do carro, no bolso de trás a carteira, enfim, quase um homem bomba. É impossível sentar confortavelmente em qualquer lugar com tudo isso nos bolsos da calça, sendo assim, na hora de sair de casa para não carregar esse monte de coisas nas mãos e ainda ter que me equilibrar para não derrubar nada na hora de fechar a porta do apartamento, enfio tudo nos bolsos, 1 minuto depois, na hora que vou entrar em meu carro, tenho que tirar tudo dos bolsos para conseguir dirigir sem nada me espremendo, 20 minutos após chego ao restaurante e novamente tenho que colocar todas essas coisas nos bolsos, 10 metros a frente antes de me sentar à mesa, volto a tirar tudo mais uma vez e assim vai a cada vez que pretendo me locomover de um lugar a outro. Se avaliarmos bem, isso chega a ser o cúmulo do ridículo. Antigamente quando eu era garoto, para sair, bastava pegar o documento, uns trocados e a chave de casa. Tudo muito mais fácil e saudável.
Isso tudo sem contar os exemplos clássicos do inconveniente. Quando se está viajando com uma turma, sempre tem alguém que fica sem cigarro e faz todo mundo parar em algum posto de gasolina, padaria, boteco, para comprar o raio do cigarro, ou seja, todos precisam interromper seu itinerário por causa daquele ser inconveniente. Existem também aqueles amigos do peito que sofrem junto com você, por causa daquele cigarrinho antes de pegar o avião. Aquela chuva torrencial, 15 graus, 50 cm de calçada coberta e lá está aquele seu amigo que não é fumante e odeia cigarro junto com você apenas para te fazer companhia. Enfim, eles é que são nossos amigos e parceiros de verdade, porque nós fumantes somos verdadeiros “sacanas”, levamos os amigos a tira-colo para serem fumantes passivos, saírem fedendo cigarro, passarem frio e tomarem chuva.
Fumar é de fato uma perda de tempo. Não falo isso pelo lado da saúde, mas no sentido literal da coisa. Toda vez que se fuma, que se sai para comprar cigarro se perde tempo. Existem empresas hoje em dia que não contratam fumantes exatamente pelo fato de que o funcionário além de perder tempo porque precisa parar o trabalho para fumar, ainda por cima perde o foco, a concentração no que estava executando e até retomar o que estava fazendo já perdeu mais tempo ainda. Isso sem levar em consideração de que o ato de fumar pode e causa muitos acidentes por aí. Na hora que se acende um cigarro dirigindo, você automaticamente desvia sua atenção no trânsito para fumar, tira uma das mãos da direção e ainda corre o risco de derrubar o cigarro dentro do seu carro e de fato provocar um acidente. Sem levar em conta de que muitos casos de incêndio ocorrem todos os dias por causa da bituca mal apagada do cigarro que é jogada em qualquer lugar, principalmente nas matas que margeiam as estradas que podem causar verdadeiras devastações e principalmente a fumaça desse incêndio que cobre toda a pista na estrada gerando ainda mais acidentes.
Enfim, apesar de ser um fumante, e de certa forma parecer contraditório falar mal de algo que tanto tenho prazer, preciso deixar aqui meu protesto contra o tabagismo. Se a maconha e a cocaína, por exemplo, são consideradas drogas ilícitas, porque não proibir a venda do cigarro também? O cigarro é tão ou mais maléfico para a saúde do ser humano que as outras chamadas de drogas proibidas. Sou a favor da proibição total e irrestrita da comercialização de cigarros e seus derivados, assim como a bebida alcoólica. Acredito que o problema reside na questão da educação da população. Ou o povo está preparado, entenda-se, educado e conscientizado do uso das drogas de uma forma geral, ou não se está. Para mim não existe meio termo. Ou se proíbe tudo, ou que se faça uma campanha de educação maciça e se liberem todos os tipos de drogas. Era exatamente isso que eu me referia em minha crônica do ultimo domingo. Na Holanda é possível que o consumo das drogas sejam liberadas porque existe a cultura do uso consciente das drogas. Agora no Brasil, por enquanto, ainda estamos muito aquém da possibilidade de uma cultura tão liberal. Portanto, até que alcancemos o tal dia ideal, acho que deveriam se intensificar muito mais as campanhas contra a bebida e o tabagismo, aumentando seus preços para que se tornem itens de consumo praticamente inacessíveis.
De qualquer forma, quero dizer que sou o primeiro a tentar me libertar desse vício tão inconveniente para mim e para as pessoas que ao meu lado convivem e que me faz gastar tanto dinheiro, tempo e saúde. Convido a vocês fumantes, junto comigo, a eliminarem essa muleta de suas vidas. Será um ato de verdadeira cidadania tanto para com você como perante as demais pessoas.
Um ótimo domingo e um excelente início de semana a todos vocês!!!
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