Escrevo nesse momento exatamente às 3 hs e 33 minutos do meu netbook na mesa do meu escritório em meu apartamento em São Paulo na madrugada de segunda para terça-feira. Nesse momento faz 11 graus na capital paulista, estou com dois abajures ligados e escuto o aquecedor do meu quarto ligar e desligar para manter o ambiente em uma temperatura agradável. Tomei 4 mg do meu grande amigo Rivotril para tentar dormir cedo, mas, parece que essa madrugada será uma daquelas que nem com “remedinho” conseguirei pegar no sono.
Cheguei em meu apartamento do trabalho às 23:30 hs da minha agência MN11, no entanto, dessa vez não estava trabalhando até tão tarde como sempre, por incrível que pareça. Parei efetivamente de trabalhar às 19:30 hs e fomos relaxar um pouco em nossa sala relax no escritório eu e o Marcelo jogando Playstation 3 na versão online do game Call of Duty Black Ops. Caros leitores, como mencionei em minha coluna da semana passada, esses novos videogames foram uma grande descoberta em minha vida e tem influenciado positivamente não só na minha, como na vida de muitas outras pessoas. Enfim, depois de jogarmos um pouco pedimos duas pizzas no escritório e convidamos meu pai para se juntar a nós. Não preciso nem dizer que como 3 pessoas “normais” que somos, conseguimos acabar com 16 pedaços de pizza né?
Acabada a comilança, conversamos um pouco fiquei mais meia hora em minha sala e resolvi ir embora para casa com o objetivo certo de dormir cedo (entenda-se por dormir até a 1 h da manhã) falei rapidamente por telefone com o amigo e grande diretor de cinema Eduardo Ameruso momento em que eu já me encontrava de pijamas e embaixo do edredom, após a ligação, apaguei os abajures, liguei o meu iPod, fechei os olhos e imaginei que essa noite seria como as minhas últimas noites, onde tenho literalmente “capotado” no sono em decorrência do amigo Rivotril. Todavia, essa madrugada já está sendo diferente, ou igual a tantas outras de minha vida que convivo com a insônia. Na verdade, estou descobrindo se esta é mais uma madrugada que perco o sono ou se são esses surtos de maluquices que os escritores têm de vez em sempre.
De toda sorte, penso que seja “maluquice” mesmo, até porque resolvi sentar em meu escritório em casa e escrever minha crônica desse próximo domingo para vocês em uma plena madrugada fria de São Paulo. Também não sei se ao final do meu texto algo fará sentido, mas, se me permitem expressar um pouco dos meus sentimentos aqui, senti dentro de mim que precisava compartilhar com vocês que me acompanham há mais de um ano e meio aos domingos no Jornal o Rio Branco, algumas pinceladas da avalanche de reflexões e pensamentos que me atropelaram agora na madrugada. Talvez seja um modo que encontrei de realizar uma espécie de terapia solitária por meio de algumas palavras.
Bom, para que vocês consigam entender, mesmo que superficialmente o que quero dizer, faz aproximadamente 3 semanas que venho passando por uma fase de profundas reflexões, análises de valores e percepções do mundo, que de uma hora para outra mudaram o seu peso na balança de minha vida. Conceitos, ideais, objetivos e metas de direcionamento de minha vida que eram fixas, para não dizer imutáveis, como em um passe de mágica ruíram e perderam sua importância para mim. Com o intuito de não prolongarmos muito, e não entrarmos em detalhes mais profundos que dariam centenas de páginas, diria apenas que todo aquele combustível que me movia evaporou. Que tudo aquilo que havia pensado que me levaria à felicidade era uma ilusão, uma enorme miragem. Trabalhei, me dediquei, investi todo o tempo possível de minha vida nesse projeto e para quem me conhece, sabe que sou um obstinado e enquanto não atinjo o objetivo traçado não consigo parar. Como costumava dizer, estava disposto a pagar o preço necessário e abrir mão do que fosse preciso para não somente alcançar a meta pretendida, mas para atingi-la eximiamente. Alcançar a meta sempre, mas com louvor. E, isso tudo de fato aconteceu, naturalmente com altos e baixos, ganhos e perdas, mas posso afirmar que no final saí vencedor. A partir daí é que os problemas começaram.
Enfim, nesse momento, irrelevante falar do que sempre foi meu objetivo e minha meta pessoal. O que gostaria de dizer simplesmente é que todo ser humano vive de sonhos, de desejos, de metas que desejam alcançar, sejam elas materiais ou espirituais, mas, no geral, eu ainda acredito e espero que a maioria viva movida, direcionada e impulsionada por um suposto plano de vida traçado que pode acontecer ou não, talvez demore mais que o esperado ou mesmo aconteça muito antes do que se planejava. Um plano de vida está sujeito a uma interferência externa e a uma reviravolta no destino, mas o plano incialmente traçado está lá e só cabe a nós termos a habilidade suficiente para contornar as intempéries da vida, não é? Se não fosse assim, na busca de uma evolução, seja ela qual for, a vida não teria sentido. Não haveria aprendizado algum e nossa passagem carnal seria em vão.
Por outro lado, quando me referi que meus problemas se iniciaram quanto mais eu alcançava e cumpria as etapas do meu plano de vida, quis dizer que a cada semana, mês, e ano que entrava, fui descobrindo que aquele projeto que havia traçado não representava mais nada para mim, que quanto mais perto eu chegava, mais sem sentido se tornava e nas últimas semanas pelo fato de concluir que 99% da humanidade leva uma vida medíocre e sem sentido, inclusive eu, fiquei e estou de certa forma perdido e sem saber que rumo seguir porque me parece que todos os caminhos convergem para o mesmo lugar, ou seja, o Parque da Mediocridade.
Talvez de fato eu esteja passando por um momento um pouco pessimista da vida com um olhar não muito otimista. Se pensarem bem, para não cair naquela história de quais seriam as supostas fórmulas para se alcançar a felicidade, diria que feliz é simplesmente aquele que determina para si que é feliz, porque em quase 100% dos casos, “ser feliz” não passa de um simples estado mental que você escolhe para si. Digo isso, porque considero que a vida de todos nós é muito medíocre. Na maioria dos casos, a vida se resume no que? Nascemos, estudamos para passar no vestibular, não vemos a hora de completarmos 18 anos para poder tirar carta de motorista, cursar uma boa faculdade, conseguir um bom estágio, depois um bom emprego, namorar, ter sucesso profissional, optamos por trabalhar mais ou menos, e, por conseqüência, ganhar mais ou menos dinheiro, conseguir comprar ou alugar um local para morar, se tudo correr bem casamos, procriarmos, educamos e acompanharmos o crescimento de nossos filhos, envelhecemos, se tivermos sorte conhecemos nossos netos e por final passamos 30 dias em uma UTI em um hospital com alguém tendo que nos dar até banho, morremos e pronto, acabou. É claro que além disso nossa vida é feita de momentos e aprendizados, sejam eles ruins ou bons, nos divertimos aqui, choramos acolá, mas, a vida do ser humano não passa disso. A verdade, é que nos foi ensinado a sempre olhar o lado positivo das coisas para vivermos melhor. E, de fato, é o melhor que temos a fazer. Contudo, tirando algumas centenas de gênios que passaram pelo mundo e deixaram de fato um legado intelectual para a humanidade na qual nos apoiamos sobre eles para tentarmos aprimorar esses conhecimentos, qual é verdadeiro sentido da vida?
Podem ficar tranqüilos que não estou pensando em me suicidar e muito menos escrever uma crônica de despedida. No entanto, a nítida impressão que tenho, é que as pessoas e o mundo vivem por um simples e mero Impulso. Porque na verdade não há o que fazer, afinal de contas, depois de um dia, vem o outro e assim vai se levando como algo obrigatório. Já que é assim, ninguém perde seu tempo refletindo muito sobre o sentido da vida e é melhor que não fiquem pensando muito como estou fazendo agora, porque se pensarmos bem, sentido de fato não há. Podemos nos enganar encontrando razões e motivos bonitos e floreados para motivarmos nossa existência, mas, lá no fim do caminho, essa motivação toda se resume em algo medíocre. Todo mundo dentro de suas vertentes, culturas, tribos e etc. fazem sempre a mesma coisa. É tudo igual. Tanto é que existe o famoso ditado que nada se cria tudo se copia. Portanto, termino minha crônica dessa semana sem um fim propriamente dito, porque mesmo que eu tentasse fazê-lo, não passaria de uma conclusão não conclusiva, sem resposta e sem sentido, afinal, tudo parece tão igual e sem graça, não é mesmo?
Um ótimo domingo e um excelente início de semana a todos vocês!!!
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