Nós os brasileiros como os latino-americanos em geral temos um problema sério em cumprir os horários. Pontualidade não á algo muito comum por aqui. Não saberia explicar qual a razão disso. Se é devido ao clima, a cultura ou mesmo se pelo fato de tratarmos compromissos com hora marcada com muito pouco caso. Todos temos agenda e relógio. Relógios estão espalhados por todo lugar que passamos, seja na rua, dentro do carro, com os relógios de pulso ou mesmo com o relógio no celular. Mas, parece que tudo fica para última hora e vem acompanhada com as mesmas desculpas de que perdeu-se a hora de acordar, não viu a hora passar ou a culpa é sempre de alguém: do filho, do marido, da esposa, dos pais, do cachorro, da empregada e principalmente do trânsito.
Tudo bem que em grandes capitais e metrópoles, estamos sujeitos além do trânsito usual, a um acidente de carros, a um atropelamento, a uma carreata de uma manifestação sindical qualquer ou mesmo de uma obra viária naquele trajeto que fazemos que acaba prejudicando o trânsito em todas as vias adjacentes. Contudo, sabendo dos horários de “rush” e sabendo que estamos sujeitos a esses eventos atípicos que podem piorar ainda mais o caos no trânsito, porque não saímos mais cedo de casa? Porque se pensarmos bem, de um modo geral, não há desculpas plausíveis para se chegar sempre atrasado. É claro que numa eventualidade, podem surgir imprevistos, mas como o próprio nome diz, são imprevistos e não coisas previsíveis de acontecer.
E, assim, vivemos todos nós brasileiros, sempre correndo, esbaforidos e atrasados para os nossos compromissos, e, por conseqüência, o atraso de um ocasiona o atraso de todas as demais pessoas ou dos compromissos que se seguem depois de nós. Na verdade, tenho pena das pessoas que são pontuais em nosso país. Para elas, ser pontual por aqui não é encarado como algo normal. E eu sei bem o que é isso, porque um dia já fui extremamente pontual e passava muito mal por causa disso. Para quem é pontual, a impontualidade é algo absurdamente irritante, o sinônimo pleno da falta de respeito ao próximo. Afinal, 10 hs não são 10:15 hs e nem 9:45 hs. Quem é pontual quer ser atendido ou atender na hora marcada, senão não existiria razão para se ter relógio e horário. Era preferível vivermos como os índios, guiados pela luz do dia. Mas, para não passar mal e arrumar mais coisas para me irritarem, passei, digamos, a entender, assimilar, ou aceitar esse “pequeno” atraso em tudo em nosso cotidiano. Caso contrário, teria que passar o dia inteiro nervoso em razão do avião que atrasa, da consulta médica que não está no horário, da amiga que atrasa para um jantar, o cliente que atrasa para a reunião e assim por diante.
O grande problema de aceitar a impontualidade alheia é que você acaba se tornando igualmente um ser impontual. Acontece que como já sabemos que naquele determinado lugar sempre ocorrem atrasos e que determinadas pessoas sempre atrasam, passamos também a atrasar, afinal de contas, não é justo que só uma pessoa seja pontual e fique esperando sozinha não é mesmo? Mas, se pensarmos bem, isso é uma tremenda ignorância, submissão e acomodação da falta da organização alheia. Aí, surgem aquelas famosas histórias, o jantar está marcado para as 21 hs, mas como sei que a pessoa sempre atrasa uns 30 minutos, eu passo a sair de casa às 21:30 hs e o jantar ao invés de atrasar 30 minutos atrasa 1 hora. Em seguida, como a pessoa atrasada começa a perceber que eu também atraso, ela relaxa e passa a atrasar 1 hora também, e assim os compromissos vão se arrastando e aqueles minutinhos de atraso, acabam se transformando em horas.
Tive a oportunidade de observar bem essa diferença de “cultura”, chamemos assim, quando estudei e morei nos Estados Unidos. Lá na terra do “Tio Sam”, não existe o nosso “jeitinho brasileiro”, os nossos 15 minutinhos de tolerância. Se existe horário marcado, ele é para ser cumprido e de fato ele é cumprido. Passei por situações de chegar 5 minutos atrasado e não permitirem minha entrada na sala de aula. Se está combinado que o ônibus parte as 8 hs da manhã, ele de fato vai embora as 8 hs da manhã mesmo que não haja ninguém dentro. Horários lá nos Estados Unidos realmente são cumpridos a risca. Em um primeiro momento achava aquilo ruim, um absurdo extremo de pontualidade para quem já se considerava bastante pontual, mas no decorrer do tempo fui reparando como aquilo era bom. Lá, era possível fazer uma agenda para o dia e de fato cumpri-la integralmente e sem atrasos. Em Nova Iorque, por exemplo, uma das coisas que me irritavam profundamente é que 99,99% dos restaurantes fechavam as 23 hs. Depois disso, caros leitores, para matar a fome e a sede, só indo nas famosas “Deli”, que aqui chamamos de lojas de conveniência. A única diferença é que as tais lojas de conveniência nos EUA não ficam apenas em postos de gasolina, mas espalhados pela cidade inteira. As “Deli” que traduzindo para o português seria a abreviação de “delicatessen” (expressão alemã de Delikatessen) que é um termo que significa alguma coisa como “delícias” ou “alimentos finos”, são as lojas de conveniências dos americanos que na verdade são muito mais que isso, elas são geralmente grandes padarias de luxo, mas com preços acessíveis que funcionam 24 hs, 7 dias por semana.
Bom, deixando um pouco de lado meu protecionismo e preferência pessoal aos Estados Unidos, queria dizer essa semana que o problema que temos aqui no Brasil em cumprir horários é terrível e eu não me excluo dessa maioria majoritária. No entanto, não é do dia para noite que se muda a cultura de um povo e nem de um país. Portanto, não serei eu, mero mortal que ousarei fazê-lo. Me limito apenas a tentar lidar com o assunto sobre horários com bom senso sem me estressar e sem prejudicar os compromissos de ninguém.
Mas, muito embora muito de vocês tenham conhecimento do que vou falar a seguir, preciso deixar registrado aqui que o uso da expressão “Pontualidade Britânica” em 90% dos casos é usada de maneira errônea. Até porque os ingleses não são nada pontuais, muito pelo contrário. Além de não cumprirem horários ainda por cima, em sua maioria, são pessoas ríspidas. Na maioria dos casos costuma-se falar em pontualidade britânica quando se refere a ser muito pontual, chegar sempre no horário certo, quando de fato, a expressão pontualidade britânica originou-se devido ao grande relógio que é um dos cartões postais de Londres na Inglaterra o “Big Ben” que fica ao lado do palácio de Westminster onde funciona o parlamento inglês, na beira do Rio Tâmisa e que desde 1859 marca o horário do mundo, a partir do Meridiano de Greenwich. Outra curiosidade é que costumamos chamar a torre do relógio de Londres como um todo de “Big Ben”, quando na verdade, o “Big Ben” se refere apenas ao sino de 13 toneladas suspenso em seu interior. O sino recebeu esse nome em homenagem a Sir Benjamim Hall responsável pela sua instalação (em inglês, Big Ben significa grande Ben, abreviatura de Benjamin). O relógio foi projetado e desenhado por Edmund Beckett Denison e o sino foi fundido em 1858, na Oficina de Fundição de Sinos de Whitechapel. A Torre propriamente dita é conhecida apenas como Torre do Relógio.
Sendo assim, para quem ainda não sabia, a expressão “Pontualidade Britânica” está ligada ao “horário zero”, ao meridiano de Greenwich e não tem nada a ver com ser pontual ou em cumprir sempre os horários e muito menos associado à pontualidade dos ingleses, porque posso dizer por experiência própria de quem já passou uma temporada por lá, que os ingleses não são nada pontuais. Em se tratando de pontualidade, a única coisa que os “diferencia” de nós brasileiros, é que somos muito mais simpáticos, temos lindas praias e não temos a quantidade de castelos, palácios e catedrais como eles. Ao invés de termos uma Rainha Elizabeth II, temos a Sra. Presidenta Dilma Rousseff. No fim, com suas devidas peculiaridades, somos povos “quase” todos iguais.
Um ótimo domingo e um excelente início de semana a todos vocês!!!
mathias@mn11.com.br
HTTP://www.twitter.com/grupomn11
http://www.mn11.com.br
http://www.twitter.com/mathiasnaganuma
Twitter Pessoal: @MathiasNaganuma