Tatuagem, “tatoo” em inglês, dermopigmentação ou ainda “tatu” (pronunciava-se tatau) como chamado em seu primeiro registro oficial em 1769 pelo navegador inglês James Cook sobre o que viu ao chegar ao Taiti, na Polinésia onde os nativos usavam espinhas de peixe finíssimas, ou ossos de passarinho, para perfurar a pele e injetar um pigmento feito à base de carvão e ferrugem para fazer um desenho na pele. No entanto, não é de hoje e nem dessa época que o ser humano procura se expressar através de desenhos em sua pele. Muito antes disso, existem comprovações de tatuagens. Segundo minhas pesquisas, uma delas na revista Super Interessante na edição de dezembro de 2000, o homem de gelo, um corpo congelado encontrado na Itália em 1991, que se supõe ter vivido há cerca de 7300 anos, tinha vários desenhos sobre a pele. A múmia da princesa Amunet, de Tebas, exibe desenhos feitos de pontos e linhas que certamente chamaram a atenção dos egípcios há mais de 4000 anos. Não se sabe o que aquela tatuagem significava para os nossos ancestrais. Mas com absoluta certeza que ela não tenha sido desprovida de sentido.
Nos tempos mais atuais, como no século passado, e em alguns casos até hoje, as tatuagens de um modo geral são vistas com muito preconceito. Sempre foram consideradas uma marca no corpo que identificava pessoas criminosas, de mau caráter. Na França no século XVIII, criminosos ganhavam uma pintura na pele, às vezes uma marca com ferro quente registrando o crime que tinham cometido. Prostitutas, piratas e marinheiros também se tatuam há séculos, como sinal de valentia e para demarcar seus grupos sociais. Alguns grupos marginais ainda utilizam a tatuagem como código, como os mafiosos japoneses da Yakuza, que tatuam grande parte do corpo como prova de coragem e de fidelidade à gangue. No Brasil assim como em outros lugares no mundo, os detentos se tatuam para diferenciar a facção à qual pertencem. Por exemplo, observa-se que nas próprias mãos são usados símbolos que se comunicam indicando não só o tipo de crime, mas também datas que não desejam esquecer, como por exemplo, a data em que morreram os companheiros de cela; uma teia de aranha informa que seus cúmplices foram mortos; uma cruz com duas velas acesas é um aviso aos colegas do cárcere que o dono desta marca é um indivíduo de alta periculosidade; já um minúsculo número 12 na mão esquerda, ou ainda, uma folha de maconha estilizada, no dorso da mesma mão, refere-se estar ligado ao tráfico de drogas; uma sereia na perna direita é o estigma dos condenados por crimes contra os costumes e etc.
Como se fossem insígnias de militares, quanto maior o número de pontos, mais alta a “patente” do criminoso, sendo assim: um ponto, normalmente na mão direita indica ser o indivíduo um batedor de carteira; dois pontos nas mãos indicam ser um estuprador; três pontos, em forma de triângulo, significa estar envolvido com o crime de tóxicos; quatro pontos formando um quadrado, informa que o indivíduo pratica o crime de furto; já cinco pontos identifica ser um praticante do crime de roubo com violência; um ponto em cada extremidade de uma estrela, significa que o possuidor desta tatuagem pratica crimes de homicídio, e ainda, vários pontos formando um “x”, indicam que o possuidor é chefe de quadrilha ou líder de determinada facção criminosa. Ainda, a figura de uma borboleta, demonstra o anseio de liberdade, o possuidor deste desenho é um praticante de fugas, não admite ficar muito tempo preso, é um fugitivo nato, porém dependendo da região do corpo onde está pintada a tatuagem, indica ser um homossexual. (Informações coletadas da monografia de Cezinando Paredes de abril de 2003).
A tatuagem, para muitas religiões, principalmente algumas evangélicas, seguem o princípio bíblico pela interpretação de que diz a Palavra que nosso corpo é o templo do Espírito Santo de Deus, então não se deve fazer marcas em seu corpo mesmo que temporárias que lembrem o paganismo ou a adoração falsa. Segundo a Bíblia na passagem de Levítico 19:28, “Pelos mortos não dareis golpes na vossa carne, nem fareis marca alguma sobre vós: Eu sou o Senhor.” Já outras igrejas evangélicas, admitem o a tatuagem alegando que Jesus também tinha uma marca em sua coxa na passagem de Apocalipse 19:16 “E no vestido e na sua coxa tem escrito este nome: Rei dos reis, e Senhor dos Senhores”. Diante dessa divergência religiosa, me reservarei o direito de não discutir religião. Até porque não sou e nem pretendo ser o dono da verdade.
Muito embora, tenhamos conhecimento que há milênios o homem procura se expressar de alguma forma através das tatuagens seja por estética, para impressionar, impactar, se inserir a um grupo social, acredito que para uma grande maioria, a tatuagem é principalmente uma forma de extravasar eternamente e artisticamente em seu corpo algum sentimento interno e verdadeiro como homenagem a algo ou alguém ou mesmo para delimitar um rito de passagem em suas vidas.
Infelizmente, em virtude da simbologia e conotação que rodeou a tatuagem nos séculos que nos antecederam, mesmo na atualidade, ela ainda é vista como marca de uma certa marginalidade e libertinagem. Há muito preconceito para com aqueles que expõem suas tatuagens pelas ruas. Mesmo que muitos não reconheçam, ainda a tatuagem é vista com muito preconceito. Contudo, conceitos dogmáticos religiosos à parte e tentando de certa forma abstrair o modo como foram vistos e utilizados os desenhos nos corpos dos homens ao longo do tempo, acredito que excluindo os modismos “fashionistas” de cabeças fúteis e pouco evoluídas que apenas fazem tatuagem para exibição, para amenizarem sua insegurança e sentirem-se inseridos em determinada tribo ou mesmo como sinal de rebeldia ao mundo, como dito anteriormente, muitos ainda a fazem de forma a extravasar e eternizar sentimentos importantes em suas vidas que mesmo devidamente guardadas em seus corações e suas memórias, querem expressá-las artisticamente em seus corpos em forma de desenhos, frases, retratos e etc.
Nota-se claramente isso nos programas americanos de grande sucesso tanto nos EUA como no mundo e inclusive no Brasil os chamados “Miami Ink” e “Los Angeles Ink” onde no primeiro as grandes estrelas do programa são os tatuadores Ami James e Chris Graver e no segundo a tatuadora Kat Von. Para se ter uma idéia, o Programa Miami Ink já gravou até uma série aqui no Brasil na cidade do Rio de Janeiro. No Brasil, mais propriamente em São Paulo, o Led’s Tattoo do tatuador Sergio Maciel é um dos mais famosos por aqui e já teve também várias participações em programas de TV. Não estou aqui para fazer divulgação desses programas e muito menos desses estabelecimentos, o que pretendo passar para vocês essa semana, é que para aqueles que já tiveram a oportunidade ou curiosidade de assisti-los, sabe muito bem que a maioria dos que vão até lá, possuem uma história de vida que de alguma forma será representada por aquela tatuagem. São histórias muitas vezes tristes, felizes, de superação, de perdas, de homenagens, de fé, de amor e todas elas carregadas de muita emoção e sentido.
Portanto, gostaria de deixar minha opinião acerca de fazer ou não fazer uma tatuagem e através dela passar uma mensagem essa semana a todos vocês. Até porque não serei eu que pretensiosamente defenderei nem condenarei. Apenas, no meu ponto de vista, a tatuagem nada mais é do que mais uma forma de expressão que o homem encontrou para se comunicar, se expressar para si ou para outrem de modo que não devemos julgar se isso é certo ou errado. Devemos aprender a respeitar, aceitar e nunca impor nossas opiniões a ninguém. Para os que acreditam em Deus como eu, independentemente de vinculações a determinada doutrina religiosa, sabem, que nos foi dado por Deus o livre-arbítrio, cabendo somente a nós, termos o entendimento suficiente para fazer bom uso dele. Particularmente falando, sempre tive vontade de fazer uma tatuagem, mas nunca a fiz por não saber o que tatuar e principalmente por acreditar que precisaria ter vivenciado um acontecimento verdadeiramente marcante que fizesse aquele desenho ganhar vida e sentido para mim o resto da vida.
Sendo assim, independentemente das tatuagens, tentemos exercitar-nos a quebrar e extirpar certos preconceitos e dogmas que historicamente foram-se construindo e se consolidando dentro de nós. Procuremos evoluir como seres humanos no tocante a uma verdadeira inversão de nossos olhares através do prisma da vida, permitindo, desse modo, que vejamos o próximo com mais amor e bondade.
Um ótimo domingo e um excelente início de semana a todos vocês!!!
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