CARTÃO VERMELHO AOS MOTOQUEIROS …………………………………………………………………………

Outro dia estávamos eu e Alex no trânsito em São Paulo a caminho de uma reunião. O relógio do carro marcava 14hs. A Marginal Tietê estava literalmente parada. Não era um congestionamento comum. Paulistanos já estão acostumados a perder horas sem fim respirando a fumaça do carro da frente. Mas aquele dia estava tudo trancado. Ninguém passava.

 

Após uns 45 minutos com o freio de mão puxado, os carros começaram a andar. Avistamos algumas luzes piscando, de carros de polícia, dos chamados “amarelinhos” e do resgate. Logo notamos que era mais um acidente, e, para não perder o costume, mais uma moto estraçalhada no chão. Era mais um motoqueiro entrando para as estatísticas do DENATRAN.

A cada dia que passa a frota de motos cresce no Brasil e com isso o número de mortes. São ao todo 23 mortes por dia em todo o país.

Eu e Alex com nossas viagens à trabalho pelos mais diversos lugares do país, constatamos que esse número é verídico. Reparamos que não é só em grandes metrópoles como São Paulo e Rio de Janeiro que os motoqueiros atuam no trânsito com negligência. Em Rio Branco mesmo, não é raro notarmos motoqueiros nos ultrapassando pelo lado direito entre o carro e a calçada. Eles fazem questão de entrar nas curvas lado a lado com os veículos. Parecem até que estão pedindo para sofrer um acidente. Em plena Av. Ceará ou mesmo na BR que nos leva até o aeroporto vemos motoqueiros circulando tranquilamente na pista da esquerda sem capacete, sem nenhuma proteção, carregando até 3 pessoas em cima da moto com crianças inclusive. Pura falta de respeito à própria vida e as dos direta e indiretamente envolvidos em um eventual acidente.

Os motoqueiros parecem não ter consciência de que não estão colocando apenas a vida deles em risco. De um acidente desses, a vida de inúmeras pessoas acabam por ser atingidas. Inclusive essa é uma questão pública. Indiretamente todos nós estamos envolvidos.

Imaginem que estou dirigindo e me envolvo em um acidente com um motoqueiro e ele vem a falecer. Mesmo que eu não tenha culpa no ocorrido, eu e a família dele teremos que conviver com isso para o resto de nossas vidas. É uma questão psicológica e emocional.

Se dessa fatalidade o motoqueiro vem a se acidentar gravemente, estatisticamente, segundo o Hospital das Clínicas em São Paulo, a recuperação dessa pessoa leva em torno de 1 ano e meio e custa em média R$35 mil reais aos cofres públicos, ou seja, além da família ter que se preparar psicologicamente e logisticamente para receber um deficiente, ainda por cima ele gasta o dinheiro destinado à saúde pública, ocupa um leito de um hospital, e retira um médico da sala de cirurgia de um paciente com câncer por exemplo para atender uma situação de urgência e risco de vida imediato para “remendar” um motoqueiro. Sem contar que depois de tudo isso ainda esse caso será mais um processo que ajudará no sufocamento do judiciário e colaborará para a lentidão do julgamento de garantias de Direitos mais relevantes. Só na cidade de São Paulo são 400 mortes de motoqueiros por ano. No país são mais de 161 mil feridos por ano.

Todo esse movimento em torno de um acidente com um motoqueiro realmente me provoca indignação!!! Penso que a vida do outro não pode ser atingida pela negligência ou falta de informação de alguém. Como bem relata um médico ortopedista do Hospital das Clínicas, “80% dos motoqueiros acham que não são culpados. Eles acham que está tudo certo, eles acham que andar a 70 km por hora entre os carros é correto”. Na minha última estada em Rio Branco, quase derrubei um motoqueiro, o sinal estava aberto e eu iniciava a minha manobra para fazer uma conversão à direita na Av. Getúlio Vargas quando subitamente vi um ser entre meu carro e a calçada. Brequei e buzinei. Sabem o que aconteceu? O motoqueiro também brecou, me encarou raivosamente como se eu fosse o vilão e culpado por ele quase ir com a cara no chão e ele a vítima indefesa. Outros motoqueiros na mesma hora se juntaram e igualmente me fuzilaram com um olhar repreendor, ou seja, além dos motoqueiros terem se tornado um movimento epidêmico, ainda por cima são uma “gang”. Motoqueiro defende outro motoqueiro sem saber se ele está certo ou errado, é uma defesa sem causa, é uma defesa sob duas rodas e nós motoristas de carros, somos sempre os assassinos.

Frise-se que não estou tratando aqui dos motociclistas, aqueles dos clubes de moto que as usam como lazer, como hobby, ou mesmo daqueles que de fato sabem as regras e os limites que circundam o conceito “andar de moto”. Guardadas as devidas exceções, falo aqui, dos motoqueiros mesmo, dos motoboys, daquelas pessoas que compram uma moto para irem trabalhar por ser uma opção menos custosa, teoricamente mais rápida de se chegar ao destino e que na maioria das vezes seus condutores nem sequer possuem habilitação.

Essa epidemia de motoqueiros que gera toda uma mobilização da área da saúde, custos sociais, psicológicos, jurídicos e etc, precisa ser atacada com medidas fortes e diria até, radicais. É necessária a intervenção maciça dos órgãos fiscalizadores, das polícias, dos órgãos de engenharia de tráfego e dos nossos executivos públicos.

Parafraseando nosso presidente da república que sempre gosta de utilizar uma expressão futebolística em seus discursos e o Senador Eduardo Suplicy que da tribuna do Congresso Nacional mostrou um cartão vermelho para um de seus pares, gostaria de deixar o meu cartão vermelho aos motoqueiros negligentes que banalizam a sua integridade física e a vida alheia.

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