Neste último final de semana a NK7 foi convidada a participar a Beauty Fair 2010 (Feira Internacional de Cósméticos e Beleza) que aconteceu entre os dias 28 e 31 de agosto na cidade de São Paulo no Expo Center Norte e teve a presença de mais de 100 mil visitantes. Essa feira foi subdividida em vários setores como a parte de negócios, cabelo, manicure, estética e maquiagem. A NK7 foi convidada para compor a área de estética da feira onde ministramos também uma palestra sobre Marketing Digital no 5º Congresso Latino Americano de Estética e escrevemos um capítulo do livro do respectivo congresso.
Bom, vocês no mínimo devem estar se questionando porque estou falando de estética, feira de cosmética e beleza sendo que nossa atividade principal é o web design, publicidade e propaganda. A resposta é simples. Juntamente com o convite que recebemos para palestrar, também estávamos com um stand da NK7 onde, naquele espaço, divulgávamos os nossos serviços e prestávamos consultas às pessoas interessadas na área. Nosso objetivo ali era tentar agregar o máximo de informações do mundo digital para os mais diversos profissionais daqueles setores empresariais.
No entanto, no grande corredor em frente ao nosso stand, havia um piso todo de carpete. Contudo, esse não era o problema. A questão dramática ou hilária, como queiram chamar, estava no fato de que havia algo como uma “lombada” nesse piso. Essa saliência, esse relevo que estava no piso, era relativamente alta em torno de uns 10 cm de altura no máximo. Pelo que nos pareceu, servia para passar fios, eletricidade, ou algo do gênero. Tudo bem que o carpete era cinza, um pouco escuro, mas haviam inúmeros adesivos amarelos grudados nessa “lombada” sinalizando para os transeuntes, que ali, naquele local, havia um obstáculo e que deveriam atentar-se para o fato.
Mas fiquei impressionado como é inacreditável que as pessoas não têm o hábito de olhar por onde caminham. Bastava que ficássemos por 5 minutos no nosso stand que avistávamos alguém tropeçando e quase caindo. Evidentemente que no primeiro dia do evento até paramos, sentamos e ficamos assistindo de camarote as pessoas tropeçando como se fosse um stand-up comedy. Uns disfarçavam o riso, outros escondiam o rosto dentro do armário e os demais eram obrigados a sair do stand para rirem. Nos desculpem aqueles que tem um coração melhor e uma maior solidariedade com o próximo, mas era impossível não rir. Duvido que nunca ninguém deu risada ao ver o outro cair e se esbofetear no chão. Eu sei que isso não é bonito e nem motivo de orgulho para ninguém. Todavia, convenhamos que o ser humano de um modo geral é assim, um verdadeiro “Schadenfreude” (palavra de origem alemã que sinteticamente quer dizer: achar graça da desgraça alheia).
Pois é. Até as crianças e os bebes que são tão puros de alma e coração também acham engraçado quando vêem alguém tropeçar. Façam um teste com o seu filho, seu priminho, sua irmãzinha, enfim, façam como eu, observem o comportamento do ser humano. Uma vez vi meu priminho armando aquela maior bagunça na sala e o pai dele virou e soltou a maior bronca. Imediatamente ele fez aquela cara de choro sentido, e desabou a chorar. O pai dele simplesmente virou as costas e ordenou que aquilo não se repetisse. No instante em que ele acabava de dar o sermão e virava para se dirigir para outro aposento da casa, ele bateu a canela em uma daquelas mesinhas de centro que nunca ninguém vê. Vocês já podem imaginar o que aconteceu com o meu priminho não é mesmo? Assim como aquela chuva de verão chega e despeja sobre nós aquele oceano de água, e no momento seguinte a chuva subitamente cessa como se existisse uma chave que ligasse ou desligasse, com o meu priminho não foi diferente. Do estado de choro incontrolável para um estado de euforia e riso incríveis de se ver, apenas porque tinha visto o pai quase cair, tropeçar na mesa de centro e bater a canela.
Agora me respondam!! Se uma criança de 4 anos que não tem malícia alguma interrompe o choro e solta uma gargalhada quando vê o pai bater a canela, porque nós, não podemos rir de uma desgraça alheia inofensiva como essa? Eu sei que ficar dando muita risada dá rugas, mas, por outro lado, os benefícios do riso são muito maiores. O riso nos alegra, dá uma pitada de felicidade a mais ao nosso dia a dia, e, já está clinicamente comprovado que o riso faz bem para as pessoas. Se não fosse assim, não iriam grupos de voluntários aos hospitais para fazerem brincadeiras, palhaçadas, cantarem àqueles pacientes idosos que possuem a saúde debilitada, ou mesmo às crianças que fazem tratamento de câncer e permanecem por meses presos a uma cama de hospital.
Ufa!!! Teoricamente justificado, embasado e mascarado até com palavra alemã esse lado “espírito de porco” que todos temos, volto a bater nesse assunto de que as pessoas não olham por onde andam. Eu mesmo fui vítima de uma calçada quebrada onde torci o pé tão dramaticamente que tive inclusive que engessá-lo (aposto que muitos na rua quando viram a cena de um gordo torcendo o pé e quase caindo, caíram na risada também).
Como tenho o prazer de observar pessoas, o comportamento humano, conversar e trocar idéias com os mais diversos e exóticos tipos de grupos, tribos e seres, estou sempre atendo com as causalidade que me rodeiam. Afinal de contas, gosto de escrever e relatar para vocês aqueles fatos interessantes que vivo e observo. E, sendo assim, após rir muito das pessoas tropeçando já que nenhuma tinha caído até aquele momento, depois de umas 100 pessoas a graça tinha acabado e surgiu minha indignação. Fiquei me questionando como a maioria quase absoluta das pessoas que transitavam por lá quase caiam na “lombada”. Notei e constatei que as pessoas realmente não olham, não tomam o devido cuidado e não reparam por onde estão pisando mesmo que haja a devida sinalização. Quando estamos de fora observando, é claro que achamos engraçado quando alguém pisa no cocô de um cachorro, quando um cidadão cai, quando o vento leva o guarda-chuva daquela velhinha, enfim, tirando essa parte pouco nobre e nata do Homem, comecei a ficar preocupado.
Poxa, com faixas adesivas amarelas fixadas na “lombada” ninguém conseguia enxergar aquilo. Isso é caótico. Segundo minhas estatísticas, baseadas na minha observação durante 4 dias, 90% das pessoas que não viram a lombada eram do sexo feminino e os demais do sexo masculino. Acredito que as mulheres ficam tão preocupadas em olhar o que está ao seu redor e para as pessoas que as rodeiam, que não conseguem ter tempo de olhar para o chão. Pensei comigo mesmo, se tivesse uma vala de 10 metros lá, metade dos visitantes tinham caído.
Portanto, foi impossível não chegar a uma conclusão sócio-política mesmo que a contragosto, tendo em vista que minha intenção inicial era apenas dar risada das eventuais quedas das pessoas, visto que não estou aqui para sedimentar ainda mais aquele discurso chato, enfadonho, batido e convencional de que se não conseguimos nem enxergar uma “lombada” na nossa frente que pode nos levar a um tombo e nos machucar gravemente, provavelmente a maioria de nós não é capaz, de fato, nem de se atentar e se sensibilizar para com os problemas sociais, políticos e econômicos que estão a poucos centímetros de nós, como por exemplo: o mendigo que passa fome na rua, a solidão de um idoso, o desemprego de um pai de família.
Por fim, com a crônica dessa semana gostaria de deixar uma mensagem: Vamos rir muito sim, sejamos alegres, felizes, repletos de boas energias, vamos aprender a rir até chorar, a gargalhar até perdermos o ar, e brincar até ficarmos com vontade de fazer xixi, mas não podemos nos olvidar de ficarmos antenados com a realidade que é estampada em nossos rostos todos os dias quando damos o primeiro passo para fora de nossas casas, pois, talvez, quem sabe, com um pouco mais de observação e principalmente de Atenção, consigamos nos ajudar e ajudar o despercebido, para que o riso proveniente de um tropeço ou de uma queda seja de uma Desgraça que realmente tenha Graça.
Um ótimo domingo e um excelente início de semana à todos vocês!!!
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