PAPO CABEÇA? …………………………………………………………………………

Caros leitores, peço licença à vocês essa semana para sair um pouco do gênero narrativo que me proponho a escrever todos os domingos que são as minhas “historinhas” ou melhor dizendo crônicas, para fazer uma coluna mais crítica seguindo mais ao estilo de “comentarista”. Não sei se ando muito influenciado pelo projeto do meu Vlog (breve anunciarei o primeiro vídeo em meu canal na Internet onde inicialmente tratarei de temas relacionados à “Hipocrisia e Falta de Bom Senso no Mundo”) e dos artigos que ando lendo e que usualmente recebo de amigos e familiares onde por conseqüência desse meu novo projeto acabo por fazer uma leitura mais efusiva dos temas em voga abordados por inúmeros jornalistas, intelectuais, escritores e decidi por falar sobre alguns deles que acabaram por me provocar intelectualmente de alguma forma.

Como já havia dito anteriormente, estou passando uma temporada em São Paulo e dois temas foram motivo de muita agitação na Internet essa semana (blogs, revistas, colunas, twitter, facebook e etc.). O primeiro deles foi com relação a votação do Dia do Orgulho Hétero na Câmara Municipal de São Paulo e o segundo foi a declaração que a cantora Sandy fez na revista Playboy de que seria possível atingir o orgasmo por sexo anal. O terceiro assunto que me atingiu e prejudicou diretamente a fluidez de minha agenda profissional foi a passeata que interditou a Av. Paulista provocada por uma manifestação da Força Sindical, CTB, CGTB, UGT, Nova Central, MST, UNE e Ubes. Portanto, mencionarei nas próximas linhas um pouco dos assuntos citados acima e no final discorrerei e opinarei sobre eles.

Inicialmente, tratando do primeiro tema, ou seja, a votação do Dia do Orgulho Hetero na Câmara Municipal de São Paulo, gostaria de fazer uma “crítica” ao artigo publicado em seu Blog por ninguém menos que Walcyr Carrasco. Ressalto aqui, que sou fã e admirador incondicional desse maravilhoso escritor, dramaturgo, autor de telenovelas brasileiro e ocupante de uma das vagas da Academia Brasileira de Letras e que orgulhosamente tenho a satisfação de dizer que li quase todas as suas obras (a que mais me emocionou foi o livro “Anjo de 4 Patas”) e que Walcyr sempre me foi fonte de inspiração para a formação desse humilde escritor que lhes dirige a palavra. Sendo assim, com todo respeito e reverência, gostaria de citar um trecho do que Walcyr escreveu em seu Blog essa semana: “Deus do céu, pode haver coisa mais ridícula que a votação do Dia do Orgulho Hétero na Câmara Municipal de São Paulo? Atenção: minha posição não é contra a heterossexualidade! Mas a criação de datas específicas costuma corresponder a critérios históricos. Os negros são prestigiados porque foram escravos e sofrem preconceito e discriminação social até agora. Os gays porque até hoje são alvo de violência e discriminação. Há também o Dia da Mulher que reafirma a conquista dos direitos femininos, após uma longa luta. (…)Tudo bem. Se houver a Parada do Orgulho Hétero, vou com prazer. Como será? Com caminhões de mulatas sambando? Não, não, o vereador é religioso. Será uma passeata de casais bem formais, eles de terno e gravata, elas de vestidinho sem decote? Tudo bem careta? Epa! Mas aí não vai ser a Parada do Orgulho Hétero. Mas o dia da posição “Papai e Mamãe”. Gente, ser hétero não é ser careta! Muito pelo contrário!”

O segundo assunto que foi praticamente um “escândalo” (não entendi até agora o porquê), foi o anúncio da suposta declaração da cantora Sandy na entrevista concedida à revista Playboy que vai às bancas no dia 09 de agosto. Segundo sites sérios onde acredita-se na veracidade das informações, como o portal de notícias UOL, Sandy teria revelado uma particularidade. “É possível ter prazer anal”. Em seu Twitter, a cantora afirma que sua frase foi distorcida: “Não foi bem aquela a minha resposta. Mas, tá valendo a brincadeira… rs… Eu nunca falei e não falo detalhes sobre minha vida sexual”, postou. As 15:25h da última quinta-feira a hashtag “sandyfazanal” dominava os assuntos mais comentados na rede social. Até o meu ídolo Walcyr Carrasco publicou em seu Blog “Eu fico espantado com o modo como o mundo rotula as pessoas. Sandy ganhou esse rótulo de certinha. Caretinha. A própria Sandy não cabe nele, tem ambições artísticas. Mas ninguém aceita que ela mude!”.

Por fim, o terceiro tema que quero tratar é dessa passeata que ocorreu semana passada que interditou a Av. Paulista (isso porque não estou me referindo do transtorno causado à população aos arredores da praça Charles Miller, em frente ao Estádio do Pacaembu onde a passeata se iniciou e muito menos dos arredores da Assembléia Legislativa de São Paulo que fica em frente ao Parque do Ibirapuera onde passa a Av. Brasil que para quem não sabe é uma Avenida muito importante na cidade e que dá acesso a inúmeras regiões da cidade, incluindo um dos mais movimentados aeroportos do país que é o de Congonhas). Abstraindo esse pequeno parênteses e falando apenas de mim e de como essa passeata atrapalhou minha agenda profissional e contribuiu para a minha gastrite, vamos lá: No dia da passeata na hora do almoço, onde há um certo “rush” em São Paulo, saí de minha agência no bairro de Perdizes (bairro esse, praticamente encostado a praça Charles Miller onde se iniciou a passeata) para um almoço de negócios na região dos Jardins. Apesar de perto (normalmente não gastaria mais de 10 minutos para chegar ao restaurante), saí da agência 11:30h para um almoço agendado para o meio dia. No entanto, mesmo sabendo que estava em São Paulo e em decorrência disso saí do escritório adiantado, não adiantou nada. Tinha o raio da passeata lá. Bem na minha frente. Aquele trajeto que teoricamente aconteceria em 10 minutos se transformou em 1 hora. Ainda bem que o caos não era só para mim, mas para o meu cliente também. Diante dessa situação, fiquei pensando, até onde o direito de expressão dessas pessoas que integravam a passeata poderia transpor o direito de milhares de pessoas de ir e vir e que em virtude de alguns tiveram suas vidas atingidas. Tudo bem que no meu caso me atrasei para uma reunião. Mas e se tivesse com alguém enfartando e passando mal do meu lado? E demorasse 1 hora para chegar ao hospital? Essa pessoa hipotética poderia estar morta. Nesse caso será que o direito a vida não é mais importante do que o direito de expressão dessas milhares de pessoas? Não que seja contra a manifestações. Mas, então, que sejam organizadas tanto pelos organizadores do movimento como pelos agentes públicos.

Mas, o que quero dizer na verdade, com todos esses exemplos que me chamaram atenção essa semana é o fato de que no meu ponto de vista estamos perdendo o nosso tempo e “gastando” nossa capacidade intelectual de produções relevantes com coisas e fatos inúteis. Há uma banalização generalizada e um dispêndio de energias excessiva com assuntos verdadeiramente esdrúxulos. Isso porque não estou nem criticando o papel do bendito vereador que propôs um projeto de lei de tão pouca relevância como esse apenas para angariar os holofotes da mídia. De igual modo, não estou criticando diretamente um dos meus escritores favoritos Walcyr Carrasco por dar atenção, gastar seu tempo e proporcionar visibilidade a um assunto tão banal como o dia do orgulho hetero e nem da opinião dada a respeito da Sandy que só terá utilidade para a Editora Abril vender mais revistas. E, por fim, não estou sequer discutindo as razões objeto da passeata dessa semana, e principalmente criticando o tipo de pessoas que integram esses movimentos sindicais, suas verdadeiras intenções geralmente deturpadas e etc.

Apenas quero chamar a atenção de todos sobre nossas ações e especialmente se aquilo para o que estamos voltando nossas energias realmente são importantes e farão diferença para o crescimento e evolução de nosso país na busca de nos aproximarmos o máximo possível da utópica igualdade social. Acho que todos estão passando por uma fase de desencontros dentro de si mesmos. Ninguém sabe o que quer e para que o quer. Fecho minha coluna essa semana citando um trecho de um artigo inteligentíssimo da repórter Eliane Brum da Revista Época cujo título é “O silêncio do macho” de 04/05/2009: “Voltam-se então para o que nós, as mulheres héteros, cada vez mais verborrágicas, esperamos deles. E nós, também tão confusas sobre o que esperar de nós mesmas, diante de tantos imperativos à altura apenas de super-heroínas, os enlouquecemos. O “homem novo” seria uma mistura de ursinho puff com godzilla (meigo, mas com pegada). Potente, mas voltado apenas para a satisfação do nosso desejo, ele teria de alcançar, nos confins do nosso corpo, pontos nebulosos cada vez mais avançados no alfabeto. O “homem novo” deve ser sensível, mas se “falhar” no sexo, algumas de nós contarão do “fracasso” para a amiga com secreta satisfação no dia seguinte. E ele nunca mais será olhado com o mesmo respeito. Enchemos a boca para falar de nossa carreira, de nossa independência e do dinheiro que ganhamos, mas não estamos muito dispostas a sustentar um marido desempregado ou num mau momento profissional, sem considerá-lo um loser. Reservamos epítetos machistas para as ex-mulheres de nossos homens, e muitas de nós competem com as filhas desses casamentos como se disputássemos o mesmo lugar.”

Um ótimo domingo e um excelente início de semana a todos vocês!!!

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