Hoje aos 30 anos, teoricamente quase na metade de minha existência material na Terra percebo que a verdadeira escravidão nunca teve um fim.
A maioria de nós, ou ao menos grande parte de minha geração vive acorrentada pelo relógio, pelo calendário, pelo tempo. Crescemos assistindo o filme De Volta para o Futuro, mas sabemos que ninguém abre uma janelinha e olha como será o futuro e nem abre uma porta para refazer o passado. Nos foi dado apenas uma certeza: de que nosso corpo parará de funcionar um dia, para uns um pouco mais cedo e para outros um pouco mais tarde, no entanto, simplificadamente a morte chega para todos. Bom, até agora não disse nada mais do que o obvialidades.
A reflexão que proponho essa semana não tem nenhuma relação direta com teorias e fórmulas para a busca da felicidade, do sucesso, da fama, do amor e tantas outras idealizações e paradigmas que a humanidade nos fez crer como um roteiro ideal para conduzir nossos caminhos através de um olhar desfocado do que seria uma vida ideal. Também não estou aqui para dizer o que é certo ou errado, para pregar o bem ou o mal e exemplificar o protótipo do cidadão ideal e evoluído. Até porque a medida de julgamento da consciência de atos, não atos e omissões é individual e intrasferível.
Caros leitores, o que quero compartilhar com vocês essa semana é algo que tenho refletido muito ultimamente que diz respeito ao tempo. No ritmo de vida desenfreado que vivemos ultimamente, todos estão correndo atrás do tempo, dizendo que não tem tempo para nada, porque no fundo estão numa maratona na perseguição de um suposto sucesso que pode não passar de uma grande desilusão depois de um período. Deixo claro aqui que não estou me contrapondo ao fato de que as pessoas devam correr atrás de seus objetivos. É claro que é muito importante estudar, trabalhar, dedicar-se e empenhar-se em tudo que se faz na vida. Acho que todos devem sempre dar o melhor de si em todos os projetos a que se propõem a encarar. Entretanto, acho que estamos errando na forma, no método como procuramos alcançar tais objetivos e que por essa razão temos que conviver com algumas frustrações no futuro. Acredito que estamos atropelando etapas de nossas vidas, por encaramos como verdades absolutas aqueles velhos ditados que dizem que a vida é curta, que é preciso aproveitar tudo enquanto se é jovem, que quanto mais cedo conquistarmos títulos acadêmicos, premiações e prestígio entraremos mais rapidamente no mercado de trabalho e com isso oportunidades melhores virão ou ainda mentalidades estereotipadas de que na dúvida, para não errar, o melhor a se fazer é cursar uma faculdade de Direito, Engenharia ou Medicina, que concurso público é garantia para vida toda, entre diversos outros dogmas que escutamos por aí.
Não digo que essas tais recomendações indiretas que crescemos ouvindo não sejam verdadeiras, mas precisamos ter em mente de que não são verdades absolutas e incontestáveis. Digo isso, porque a grande maioria de nós não param para pensar no que gostariam realmente de fazer, daquilo que lhes dá prazer, na maior parte das vezes seguimos o caminho da tal fórmula do sucesso para agradar alguém, nossos pais, familiares, amigos, namorada, esposa, às vezes por ganância, ou por pura aceitação social. E, é aí que erramos. Vendamos os olhos e praticamente como máquinas traçamos nossas metas e buscamos conquista-las a qualquer custo e o mais rápido possível. O detalhe é que na maioria dos casos não paramos para refletir se essas metas realmente tem alguma coisa a ver com o nosso íntimo, com a nossa realização pessoal, se o fato de atingir essas metas nos farão pessoas mais realizadas e satisfeitas consigo mesmos. Não paramos para pensar se aquilo tudo que estamos correndo atrás faz algum sentido ou se terá algum propósito em nossas vidas no futuro.
O problema está no fato de que acreditamos que o Mundo vai acabar amanhã e que todos os dias da nossa vida tem que ser vividos como se fossem os últimos. Queremos vivenciar tudo e ter prazer máximo em tudo ao mesmo tempo e o mais depressa possível. Fazemos determinadas coisas e tomamos certas atitudes na vida porque pensamos que não haverá tempo para realizar tudo que planejamos. Mas acreditem que nessa vida há tempo para tudo e que se não der, é porque não era para ser. Precisamos sim, é ficar atentos para não morrermos em vida ao entregarmos nosso tempo à fúria de realizar coisas das quais só temos um entendimento superficial.
Digo isso porque após percorrer todo um planejamento de vida que lhe traria uma suposta felicidade e tranquilidade, após a conquista de títulos, prêmios, prestígio e sucesso, sabem o que sobra? Apenas você com você mesmo e muito e muito tempo. E é nesse momento que um grande buraco negro pode se abrir a sua frente, pois você acaba descobrindo que nada do que fez teve um sentido mais profundo para você, que você correu, correu, correu e agora não sabe o que fazer com o tempo que está sobrando. Que viveu levado por um impulso que o mundo que te circundava acabou te carregando e você acabou inconscientemente ou por inexperiência permitindo que isso acontecesse e quando você menos espera, chega alguém para você com perguntas aparentemente simples: Você gosta do que faz? Você é realizado como indivíduo? O que você gosta de fazer?
É nesse momento que você chega a conclusão de que na verdade nunca tinha parado para pensar nisso, de que não sabe a resposta, de que ao mesmo tempo que fez tanto, conquistou tanto, construiu tanto, no fundo não fez absolutamente nada POR você mesmo, que ao mesmo tempo que há tanto ao seu redor, não há nada dentro de você que lhe dê realmente prazer, sabe porquê? Porque lá atrás você ficou com medo que o tempo seria curto, ficou com medo de fracassar e não corresponder às expectativas das pessoas que te amavam, ficou com medo de sonhar e ousar a apostar em um projeto de vida talvez um pouco alternativo aos padrões estabelecidos pela sociedade e por sua exclusiva culpa de tentar sempre acertar com o Mundo, você acabou errando e se esquecendo do principal que era tentar acertar com você mesmo.
Um excelente início de semana a todos vocês!!!
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